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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Deus existe ou está morto? (Parte I)


Lembro-me de uma aula que tive ainda nos meus áureos, ou plúmbeos, tempos de seminário católico. Uma turma de uns dezoito alunos, a maioria seminaristas ávidos em se tornarem padres, um pastor (ou algo próximo a isso) da igreja presbiteriana, e mais um trio de ateus ou agnósticos que no melhor estilo sartreano eram o inferno da turma. Um desses ateus, ou agnósticos, chegou mais cedo, dirigiu-se até a lousa e escreveu abaixo do crucifixo que ornava a sala: "DEUS ESTÁ MORTO".
  Claro que a maioria ali já havia lido aquela frase nas aulas de filosofia contemporânea, sabíamos que se tratava de uma citação de Nietzsche. Também a frase não era estranha ao mundo católico que celebra toda sexta-feira santa a paixão e morte do Senhor. Mas se era polêmica que o cara queria, ele tinha conseguido. Logo não faltaram candidatos a refutar a afirmação. O tal pastor lançou mão de todos os argumentos que tinha conseguido nos seus quatro anos de formação em teologia em uma conceituada Universidade. Alguns seminaristas simplesmente murmuravam algo como "herege" e passavam a conversar sobre a liturgia da missa a noite. Outros tentaram ainda cristianizar Nietzsche, NÃO SE ESPANTE LEITOR, fizeram isso até com Marx na Teologia da Libertação. Ele, o causador da polêmica, ficava apenas sentado ouvindo os argumentos e pouco, ou nada, comentando.
  Citei essa história, porque quero falar do assunto mais polêmico da história, Deus. O primeiro homem a tentar provar racionalmente a existência de Deus foi Platão seguido por Aristóteles. De lá pra cá, não faltou quem se aventurasse nas entranhas do mundo metafísico tentando provar a existência desses ser. Quem não conhece, ou pelo menos não ouviu falar, das famosas cinco vias de Tomás de Aquino ou o argumento ontológico de Santo Anselmo? Mas afinal, DEUS EXISTE?????????????
  Nessa mesma época estudamos um pensador chamado Feuerbach. Este dizia que o homem criou Deus a sua imagem e semelhança. Essa frase foi um choque pra mim. Tudo sobre Deus me parecia anuviado, osbcuro, posto sob um véu que após ler esse pensador fora arrancado bruscamente de sob o rosto misterioso da religião. Estudando mais sobre ele um amigo de seminário me disse que não era fácil acreditar em Deus estudando filosofia. Isso é fato, mas também é fato que não é fácil ser ateu sem ela.

  Apenas lendo Feuerbach pude tomar coragem e dizer a mim mesmo, eu não acredito em Deus. O fenômeno religioso outrora mágico e encantado, agora se fazia simples e inteligível. Os santos doutores Agostinho, Tomás de Aquino, Tereza de Ávila e todos os outros, que antes me pareciam o supra-sumo da intelectualidade, agora me pareciam bobos, iludidos e até espertalhões.
 Deus não existe, estou livre. Tudo me parecia simples assim, Deus não existe e tudo me é permitido (Dostoiévski). Foi a minha primeira reação. Mas logo me veio uma segundo: Meus Deus! ( todo ateu exclama assim, é hábito, dizem) toda uma população do mundo está sendo enganada. Os padres, pastores, pais-de-santo e xamãs se tornaram meus inimigos a serem combatidos. Como poderiam ganhar a vida enganando as pessoas simples? Quanto dinheiro que poderia ser usado para o bem próprio estava sendo gasto para dar carros de luxo, casas e construções suntuosas a um Deus que tinha em si todas as qualidades da perfeição, exceto a principal, que era o existir.
  Saí então do seminário e passei a combater esses inimigos da humanidade. Até que...

(CONTINUA...)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

HINO À MORTE

Envolva-me em meio a Vosso sangue vermelho
Iniebre-me com Vossa saliva sagrada.
Traveste meu corpo com a Vossa capa imortal
Alforrie meu espírito da cela da carne.
Feche meus olhos para este mundo ilusório
e os abra eternamente para o mundo real.
Ensine a verdade a minha doente Psiquê
E mergulhe minha alma no Oceano dos deuses.
Vós que nascestes filho da Noite
e do Érebro escondido no abismo do nada.
Sois o único que andais ao lado do inferno
e por gêmeo vós tendes o sono encantado.
Atenda minha prece e minha única súplica,
revele ao mundo a verdade velada:
Se me prendes Eros,
Liberta-me Tânatos.

Rudá Almeida