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terça-feira, 9 de março de 2010

E o Oscar vai para...


 "Guerra ao Terror", é a primeira vez em 82 anos que o prêmio vai para uma mulher. Ponto para as feministas? Pela primeira vez três homossexuais assumidos participam do reality show mais popular do país (dentre eles uma drag queen), ponto para os homossexuais? Também pela primeira vez uma negra protagoniza uma novela das oito e um negro assume a presidência da maior economia do mundo, ponto para os negros?
  A esquerda se populariza no país (quem não tem pelo menos metade de professores com bandeira petista ou equivalente em sua faculdade?), a América Latina ganha destaque, a Teologia da Libertação mantêm-se respirando, apesar de uma forte corrente contrária. Enfim, ser alternativo está na moda. Mas até que ponto isto é bom?
  Esta é a pergunta que cabe a nós responder, ou pelo menos nos fazer. Em um artigo para a revista Filosofia o jornalista Samir Thomaz no seu artigo "Ideologia da pose" diz que ser de esquerda tem lá seu charme. Ao ler o artigo me choquei, não é que tem mesmo?
  Eu, mesmo não sendo um esquerdista militante, não nego o prazer que tenho ao defender Lula, as mulheres, os negros, os homossexuais e falar mal de Ratzinger. E lendo o artigo pude ver que, não raro, a esquerda não passa de joguete nas mãos do capitalismo que, apesar da pregação de falência devido a crise, mantêm-se forte e com estruturas ainda rígidas (como Atlas a segurar os céus) para prosseguir por séculos afora.
  Quer ver? Kathryn Bigelow, vencedora do Oscar de melhor diretora e melhor filme, parece ter vencido mais para se opor ao detestado inovador Cameron e seu bilionário Avatar do que por méritos próprios. A primeira Helena negra, é apenas mais uma tentativa da Globo de se familiarizar em um discurso politicamente correto (uma observação é que esta é a pior audiência da Globo em uma novela da oito). Quanto ao trio homossexual, até a vovozinha da Chapeuzinho Vermelho sabe o motivo. Obama, que parecia trazer uma "New Age" aos EUA mantém praticamente a mesma política de seu predecessor e o mesmo país que teve seu primeiro presidente negro, rejeitou a União Cívil entre pessoas do mesmo sexo. O mair ícone da Teologia da Libertação, Leonardo Boff, agora parece mais um ecologista, do que um teólogo. E os maiores inimigos de Ratzinger na América Latina, não são os grandes filósofos e teólogos ateus, e, sim, os muito conservadores pastores(pouco ou nada estudados) petencostais.
  Então, ao final do artigo de Thomaz, me perguntei por que ser de Esquerda? Por charme? Claro que não. Pra defender a legalização da Cannabis? Também não (só para esclarecer não sou usuário). Então por quê? Porque diferente do que diz Thomaz, o problema da esquerda não está nos seus membros, muitos filhos de uma poderosa classe média, que não abrem mão de seu celular última geração, sua moto possante, sua viagem internacional e seu casebre de cinco quartos. O problema da esquerda está em ter uma ideologia e contentar-se em adjetivá-la sempre de utópica.